Nos últimos tempos, a China tem visto um aumento de dados pessoais à venda.
Vários financiadores do país, entrevistados pela Reuters, confirmaram que dados pessoais naquele país podem ser adquiridos por preços incrivelmente baixos por companhias de seguros, bancos, especuladores ou vários tipos de golpistas.
Em maio, a China introduziu a lei de proteção de dados mais compreensiva até à altura, criando mais restrições à partilha de dados privados na posse de instituições financeiras e de outras firmas. Mas de acordo com Michelle Hu, da Boston Consulting Group, vários membros atualmente no sector dos seguros adquirem dados pessoais de modo ilegal através de autoridades, vendedores de carros e até de entidades responsáveis pelas licenças e avaliação de condutores no país.
Ao pesquisar por termos como “dados pessoais” ou “dados de telemóvel” em chinês, a Reuters encontrou mais de 30 grupos criados com o propósito de vender e comprar informação pessoal através do serviço de mensagens instantâneas QQ da Tencent.
Cinco vendedores ofereceram à Reuters listas de instituições financeiras de “pessoas que precisam de empréstimos”, “pessoas que precisam de seguros” e “homens de Xangai com idades compreendidas entre os 30 e os 50”. Estas listas incluíam dados como nomes, números de telemóvel, datas de nascimento e informações sobre hipotecas.
Além disso, algumas firmas também fornecem acesso a dados pessoais por um preço. É o caso da Duoku Technology, que opera uma plataforma de pesquisa de informação pessoal, e que por um preço, obtém a fotografia de identidade de qualquer cidadão cujo nome e número de identificação pessoal lhe seja fornecido. A Reuters validou que este sistema funciona, e que a pessoa cujos dados são obtidos não é informada sobre o caso. Uma porta-voz da Duoku disse a propósito que muitos dos dados foram comprados a vendedores online e depois vendidos a bancos e seguradoras.
Susan Ning, da firma de advogados King & Wood Mallesons em Pequim, identifica uma das razões para tal acontecer. “Os benefícios económicos associados a adquirir este tipo de dados supera em muito o custo baixo de violar as leis relativas aos mesmos”. Ning afirma também a China tem uma população bastante numerosa, pelo que casos ligados à privacidade de dados pode ser “bastante difícil de investigar”.