Apesar de se tratar de um browser que muitos associam à “dark web”, é uma poderosa ferramenta para proteger a privacidade na Internet que está ao dispor de qualquer pessoa
Sem margem para dúvidas, a privacidade e o cuidado com os dados pessoais é, ou deveria ser um dos aspetos mais importantes para qualquer utilizador na hora de utilizar os mais variados dispositivos digitais; especialmente de crianças e adolescentes, que muitas vezes não têm consciência e a formação necessária para poder fazer um uso seguro da tecnologia. Como tal, analisamos quais os dados dos utilizadores que recolhe um dos browsers mais populares, o Google Chrome, que tipo de proteção oferece na navegação em modo privado e porque é o TOR uma das melhores opções para proteger a sua privacidade na Internet.
Google Chrome: o browser mais utilizado
Existem, atualmente, várias alternativas para navegar na Internet e interagir com os diferentes sites. Neste sentido, o browser mais utilizado a nível mundial é o Google Chrome, que é responsável por mais de 62% do mercado; mas isto não quer dizer que seja a melhor alternativa no momento de pensar na privacidade do utilizador.
Na verdade, basta aceder à ferramenta My Activity da Google para perceber de que forma o browser armazena de forma cronológica a informação das diferentes atividades que realizamos, como sejam as pesquisas ou sites que visita, incluindo em aplicações externas ao browser, como o YouTube, ou em qualquer dispositivo Android associado a uma determinada conta Google.
Em todos os casos, esses dados segundo a Google guardam-se para oferecer uma experiência mais personalizada ao utilizador e que, por exemplo, se o perfil de utilizador é semelhante ao de um programador e faz uma pesquisa por “Python”, o Google mostre resultados sobre programação e não sobre serpentes. O mesmo acontece com as pesquisas e vídeos vistos no YouTube, embora estes também sejam utilizados para mostrar recomendações personalizadas.
A opção de modo privado no Google Chrome
Sendo uma preocupação a privacidade, a primeira opção poderia ser navegar em modo privado, uma vez que o browser informa o utilizador que não guardará um certo tipo de informação pessoal ou de navegação.
Mas, e como mencionado no mesmo aviso, a referida informação SI poderá ser visível ou registada pela empresa ou lugar onde estejamos a navegar na web, seja um cybercafé, rede doméstica ou rede empresarial, já que a informação pode ser monitorizada e registada por qualquer administrador de sistemas, servidor Proxy ou ferramentas de controlo parental em qualquer rede.
Fazendo uma análise mais profunda do tráfego que é enviado quando se navega em modo privado, utilizando a ferramenta Wireshark, é possível ver que os pacotes de dados surgem em texto simples, onde se pode verificar, por exemplo, o historial de visitas de um utilizador nessa máquina. Como se vê na imagem seguinte, com uma simples pesquisa do pacote que contenha CLIENT HELLO encontramos no seu detalhe o site visitado (neste caso do www.welivesecurity.com).
Assim, cabe perguntar quais são as alternativas que existem para os utilizadores poderem proteger a sua privacidade e dados de navegação. Perante esta realidade e necessidade, existem browsers criados a pensar na proteção de dados e na privacidade do que é transferido através dos mesmos, como é o caso do TOR.
TOR: uma das melhores opções para proteger a sua privacidade na Internet
Apesar de associarem este browser a atividades ilícitas por ser a ferramenta mais conhecida para navegar na dark web (com tudo o que isso implica), o TOR é amplamente utilizado em todo o mundo da investigação jornalística e científica, já que ao não deixar rastos na rede do utilizador nem no servidor que está a visitar permite o anonimato.
Repetindo a mesma navegação anterior, verificamos que na nossa análise ao tráfego da rede não fornece nenhum dado de utilidade, mesmo forçando a pesquisa por welivesecurity ou procurando o comando CLIENT HELLO, que tão pouco envia de forma aberta como podemos observar na imagem seguinte.
Os testes mostram que a informação que é transferida através do browser TOR viaja completamente encriptada, tornando mais completo o seguimento da mesma, incluindo se está monotorizado o tráfego da rede.
Como funciona o TOR
O TOR é uma rede que implementa uma técnica chamada Orion Routing, fazendo referência às camadas de uma cebola, desenhada originalmente para proteger as comunicações da Marinha dos Estados Unidos, alterando completamente o modo tradicional de routing (onde uma máquina se liga diretamente ao servidor que procura) por um sistema distribuído que garanta o anonimato e privacidade dos dados.
De forma mais gráfica, (as imagens foram extraídas do site oficial do projeto TOR), o computador do cliente solicita a um servidor de e-mail TOR uma lista de nós.
A partir daí escolhe-se um caminho aleatório para chegar à página web que se procurava.
Se aceder a outra página web, o caminho será novamente aleatório, mantendo assim a privacidade da máquina origem que acede à informação. Há que destacar que a informação se mantém anónima, mesmo que utilizador aceda a um serviço onde sejam pedidas credenciais de acesso (por exemplo Gmail ou Facebook) e as insira. Neste caso, a informação viajou igualmente por caminhos aleatórios, mas o utilizador apenas inseriu os seus dados num portal.
Para que tipo de utilizador é o TOR
O TOR está pensado para todo o tipo de utilizadores, principalmente aqueles que procurem manter a sua privacidade, não apenas por não quererem revelar informação pessoal, mas porque podem necessitar fazer pesquisas relacionadas com temas que preferem manter em privado.
Analisando alguns comentários do blog oficial podem encontrar-se mensagens que agradecem esta tecnologia e quão útil se revela no momento de aceder a sites de chats para ajudar vítimas de crimes delicados, ou para procurar informação sobre certas doenças, pais à procura de informação sobre atividades dos seus filhos, inclusive esta tecnologia permite superar obstáculos governamentais quando certos países optam por bloquear conteúdos da rede.
Possíveis riscos associados ao uso do TOR
O problema deste método de proteção pessoal está no facto de também poder ser utilizado para escapar das proteções instaladas na rede, sempre e quando não estejam configuradas de forma adequada. Por exemplo, no âmbito da empresa para além de ter apenas uma firewall é importante contar com um controlo de aplicações. As medidas de proteção não deveriam competir com a garantia de privacidade, pelo contrário, deveriam complementar-se; e de facto as políticas de privacidade no âmbito laboral deveriam ser o ponto de partida para que os utilizadores cuidem da sua informação no plano pessoal.
Para além disso, o mais importante quando se trata dos utilizadores finais é a capacitação e consciencialização, já que é a forma como podem aprender a disfrutar de todas as vantagens que oferece a tecnologia em segurança.
[…] Fonte: blog.eset.pt/2019/03/tor-um-browser-que-protege-a-sua-privacidade-online/ […]